Por: Israel (Literatura Suburbana): CAGÊBE, O Rap feito no Vilarejo

CAGÊBE, O Rap feito no Vilarejo

“…acredito que as ideias foram recicladas e temos um disco melhor do que o primeiro…” essa afirmação de Cezar Sotaque, MC do Grupo Cagêbe apenas aguça a curiosidade e expectativa dos fãs que aguardam o 2º Disco de um dos maiores grupos da Zona Norte.

Tivemos a honra de ter o Cagêbe na 3ª edição do festival Reviva Rap esse ano e a partir daí fomos trocar algumas ideias sobre o rap e o grupos e as articulações desenvolvidas pelo Cagêbe.

Pra quem pensa que o Cagêbe seguirá a nova onda do rap Cezar já avisa; …”Posso garatir que nossas música ainda carrega muita indignação em relação ao Estado e a condição que nossa população suburbana vive. Nossa contestação ganha melodias e musicalidade através da batida do “RAP”…

E o Rap Hoje

Cezar tem boa impressão da nova cara do Rap no Brasil, ainda acredita que o rap está mais preparado que antes, em termos de profissionalismo e estrutura, porem…

… “A única coisa que me preocupa é que parece que o rap se deslocou das ruas de terras para o asfalto luxuoso. Quero acreditar que isso seja um sinal de evolução, mas ainda precisamos aguardar um pouco pra ver o que vai acontecer mais adiante”….

E ainda é nostálgico;

… “Sinto falta das atividades de rua que aconteciam – com precariedade – nos anos 90 até os anos de 2000, muito se falava e  se sugestionava-se  na época sobre como os cantores de  rap ou atores do  hip hop deveriam ganhar notabilidade no cenario nacional. Verdadeiras receitas de bolo saca? Acho que muitos cairam nessa e acabaram perdendo a direção. Um exemplo é a fragmentação ou até mesmo a extinção que os conjuntos de rap sofreram no começo desse século XXI.”…

Rap e Projetos Sociais, ainda são parceiros?

…“Depende muito da proposta de cada “artista”, acredito que o hip hop é uma cultura do bem, e que no Brasil deve se posicionar contra qualquer tipo de agressão social.”…

O comprometimento antes típico do Hip Hop e seus projetos musicais e culturais já não são marcas registradas dos nossos dias, Cezar afirma que o Rap é uma forma de protesto contra a opressão e aquilo que nos incomoda!

“Acredito no poder que as pessoas tem juntas, ou seja, na coletividade. A arte (musica rap) e as ações precisam caminhar juntos.”

O Cagêbe tem como papel no Rap e na sua comunidade “Deixar um legado para a próxima geração refletir sobre esse mundo maluco que vivemos”, legitimamente é isso que eles tem feito com Projetos como O Cine Escadão, Fabricas de Gênios, entre outros.

E para a Nova Geração???

“…Continue acreditando na força que cada um têm. Informação é a chave da cadeia. Pensar, questionar, desconfiar são alguns verbos que precisam fazer parte de nossas vidas. Não acreditem em tudo que se fala por ai. Pesquisem sempre que desconfiar de uma verdade imposta. A verdade absoluta não existe, mas a história nos conta muita coisa. Procure saber quem somos e qual é nossa origem antes de defenderem bandeiras dos outros. A favela agradece! Pra finalizar recomendo que os candidatos a ídolos do rap desçam do cavalo, pois o tombo é dolorido. Não se empolgue com focos de incêndio, pois a real é mais ardida. “A arte não depende do sucesso, mas o sucesso depende da arte”…

Agradecemos a Cezar Sotaque pela Entrevista e desejamos vida longa e esperamos muitos mais clássicos do Cagêbe como os sons eternos: Lado Beco, Ninguém vai te impedir e Combustível pra viver.

Texto: Israel Neto
Imagens: Acervo Cagêbe e Reviva Rap

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Festival Reviva Rap
(11) 3427 5363
(11) - 94466214 (Réu)
www.revivarap.com.br  


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