Sua Imagem é Semelhança
ATO #1 Troca de Desenhos, Arca de Arte, Florianópolis-SC
(ALMA, Toy e Cauê on)
“A força está no que você acredita”
Cauê
Às vezes, podemo-nos ver
e sentir, abstrair os sentidos. Seremos nós? Ou uma indução voluntariamente involuntária...
Minhas memórias supostamente reais... (As entidades caíram).
Em minhas esquinas
esquisitas, mal desenhadas, com as cordilheiras de assentamentos dos rebanhos
humanos, faço lufadas continuadamente pelo tempo ditatorial, pelo passado
fraco, que só tinha intuição deixando essas missões impossíveis, buscando
apenas “ritmo para alcançar a simplicidade”, já o que o resto o dinheiro
compra, a minha não negocio. A simbologia só é permanente até o dia que
priorizamos suas mudanças, acabamos não a buscando por dever, e por que assumir
um futuro do qual ninguém o tratou, sem nem uma escolha passamos a destruir os
nossos causos para que a integridade e futuro da memória da elite siga em
crescimento.
_ Mais uma... Mais
duas... Mil cairão a sua direita, dez mil a tua esquerda, mas tu estarás de pé.
Deus chamou Davi ao pé da letra, quer dizer, da batalha... E tinha um amigo que
sempre me dizia, com olhar terno e sagaz; “você
é planta ruim que prolifera em qualquer lugar”, e temos que ser forte. Impressiona-nos
de sermos assim, realidade e fantasia capaz de suportar a dor. Esse dilema de
matar um leão por dia acabou faiz tempo, reze pra matar um por semana, quatro
por mês, coma dois e guarde dois... Empunha teu canivete suíço e boa caçada;
porquê os leões estão soltos...?
“A paz do homem é incapaz de esconder sua violência”.
Cada dia mais perto de encontrar a personalidade, acabamos
por nos afastar de nossos instintos, supondo melhorar fatos e fatores, que
ainda por sinal, (dizem que nos rodeiam), o homem que não parte de sua
capacidade, conselho, ou luz alguma segue, além da vastidão de seu espírito, a
tração é corriqueira, e sequer sabe-se até onde vai o profundo do que ser uma
miséra poça de lama.
Desorientado de perseverança, humildade, instinto, paz e maldade,
tem que andar juntos, para que use se acaso houver querer que provem da tua
vergonha. Eu estava mais que perdido na contenda da Arca de Arte, no terminal
da lagoa, sentido Igreja dos Araças, visual que faz pasmar pelo vento que rasga
as torres miúdas e imponentes, robusta de altura, e sossegada pelo medo, era um
pouco da rua João Alberto da Costa, 688.
Atravessando agora os portfólios, essa troca do que se diz
desenho, mas se ver a capacidade pessoal de trocar, ou como mesmo fraseavam
parte e necessidade de “escambo”, tomava posse na singularidade, numa realidade
constante e frenética que só as canetas desses induzidos, abduzidos, podem
decifrar no seduzir-se da luz. Traçando
sem traçado, o risco, o espasmo, um olhar talhado, é ponte inacessível e constante,
fora do imediatismo e centrado na evolução que as personalidades adquirem, como
os animais, em senso coletivo, vibrando em decisão, e caçando em conjunto um
espaço sem limites para transitarem.
Seguimos assim, cada qual procurando a morada absoluta, sem
ser aquela oferecida... vamos em decadência, ao absoluto regime, e a total
discordância. Os trabalhos vão se adentrando a cada momento como caixas
sobrepostas em outras que vão se abrindo, das maiores a menores, e ao contrário
também, pois o nosso rumo foi neste momento estar aqui.
A Alma sente.
O que nenhum PH em mestrado vai reprimir.
_ Não é seu Fela?
Se tu me deste, eu ia Dar-te!
Que nada Toy, as imagens vem de um Driin é corporal.
Avisa pro Japa, que o Dennis xilogravura.
Porque o Gian foi buscar mais pvc...
Enquanto isso traz logo aquela Coxa.
Por que o Gaúcho está com um Vício,
E nenhum mais quer largar.
Aos irmãos
esquecidos, na memória estão lembrados, o nome é poema, e a prosa... Convenhamos
cá não temos muito tempo pra histórias, mas também num tamo nessa de papo reto,
sem franqueza nenhuma, que seja verdade ou não, tá valendo...
Transportado pelo
imediatismo, e concessão, vamos tomando de mão em mãos aquilo que não é nosso,
mas parece de todos. “A arte é uma doida’vã passagem dos sinismos que
cobramos”, é a porta de tensão, aberta para um alívio. Que seja imediato.
Breve. Mas que seja. Afinal de contas, nem sempre o mais durável é artístico. E
nem sempre o mais artístico é durável.
Eis, o eis da
questão. Ser o que ela é, ou o quão pequeno e grandes somos com ela. A
humildade continua sendo uma luz ao artista, uma ponte que faz sobressair
naturalidade e inspiração, expira e explode. O ar frio e repentino faz tilintar
as palavras intricáveis, e pesos que sustentamos sem dor, todavia,
participamos, convivemos, expandimos nosso senso comum e incomum.
Lar, doce lar,
Barraco, doce barraco,
É a rua.
O ser humano não
requer esforço para usar sua memória, ainda que fugida, e tensa, nos mais
remotos seres, ela é uma condução, a portabilidade de uma conexão do passado
com o presente, ou simplesmente, consegue reconhecer quais propriedades estamos
dando para que seja forçada a nos dar a casualidade de fazê-la funcionar. Foram nesses caminhos,
depois de conhecer o Carlinhos, que Alma, Toy e Cauê On, fizeram esse
transplante de passagens antigas até agora para nós.
A cultura, fonte de
expressão popular e causadora de impactos com o forte relacionamento da arte,
transpôs à os ávidos semblantes, desmaterializando os impactos que sofremos com
a cordialidade e recepção que não temos nesses mundaréus à fora...
Não é dimensão de uma função, é a dimensão da existência. Devemos
queimar os salvadores das obras primas, se o especialista não é dono do jogo;
quem sou eu? A paridade é fundada na regra?
Do que adianta pensadores, estudiosos, se a crítica mental não exerce
trégua com seus olhos inobservantes a realidade? Do que... “O passado é lindo
gente!” E vocês por mais que se embasem nele e apoiem suas cabecinhas em seus
ombros e chore de saudade; vocês nunca o usaram! Venham cair neste progresso,
por não saber a solução do passado, por não abrir olhos a este presente, por
crucificar tudo e a todos com seu instinto para ser crucificado. Estou falando
de arte urbana, da guerra dos pobres homens dos guetos que falam através de
pequenos percursores...
“temos na cidade,
uma
história dos usos ou o uso como história,
pois o
repertório de um ambiente urbano é tradição
e
tradução dos usos. “
Ferrara; Lucrécia
D'aléssio
Centros históricos
podem morrer esmagados com o peso das periferias! __ alguém viu o Rio? É só um
pequeno reflexo... Imagina esse povo lutando pelos seus direitos, exercendo
suas vontades, expulsando seu murmurejo e silêncio... é uma pena não sabermos
usar as armas para as coisas certas, e o grito desses suburbanos não representa
um soluço do nosso povo, e de violência já estamos atados...
“As periferias fizeram
de seu espaço, um espaço de lutas,
Um terreno de
memórias diferentes,
E um encontro de
vozes desiguais.
Canclini; Nestor Garcia”.
Colônias foram
municipalizadas, (para serem outras colônias), e qual é a filosofia dos burgos?
De onde a elite tira o pensamento e o viver dos outros... Os modernistas
fizeram a contrapelo uma releitura reescrevendo a literatura do país,
“iletrados dos analfabetos”, agora lhes digo o seguinte:
Saudamos a glória do
que se diz cultura da metrópole, é um concretismo ácido de registrar a
dominação da chamada cosmopolita sob esse comportamento profano moderno quando
o momento da presença de espírito se perdeu. Quando só resta a memória decifrar
os sinais dando a linguagem o seu tempo duradouro. As cidades mostram que se
constroem na atração e na repulsa, na exclusão e na comunhão, no conformismo e
na resistência, a cidade em sua banalidade é potencialmente rica.
Assim como na década
de 20 com o Brasil se preparando para as comemorações do Centenário da
Independência, de sua nova postura em 1922, onde por toda se ouvia falar em
“raça”, num país caracteristicamente mestiço como o nosso, no sentido de
identidade buscada, de uma cultura que deseja delinear, vontade de projetar
orgulho de ser brasileiro. Na busca dessa descendência de riqueza, foi o que
acabou influenciando grande parte da nossa arte e cultura, “movimentos como o Futurismo
vinham exaltar a máquina e cultuar a velocidade. Depois da Primeira Guerra
Mundial (1914 a 1918), o Cubismo, o Dadaísmo e o Surrealismo,
(este último me chama atenção pelas obras de Salvador Dalí,
artista contemporâneo que foi esquecido por nossos intelectuais friamente em
suas viagenzinhas a Europa, raramente lúcido, mas seu trabalho atingiu o
público com tal impacto no ano de 1927 em Paris que varreu os padrões de bom
gosto e as barreiras da estética tradicional em seu tempo até os dias de hoje,
(talvez por serem mais comerciais e um tanto enrustidos), ou de repente por ele
parecer um “ser” revoltado, pelo seu nítido rompimento com essas frescuras
modernistas e projetos como o de um “político-literário”, me aproprio de
uma frase deste também pintor/escritor: “Nunca
uma obra-prima foi criada por um preguiçoso”, e não foram citados por
eles, talvez porque Salvador Dalí sempre quis servir a sua própria necessidade,
até porque antes de todos movimentos e expectativas para o mundo o homem era um
gênio, deixemos... vai ver lá tanta pintura lhes afetavam os olhos... Esses movimentos
apareceram como reflexos dos horrores da guerra, em suas versões críticas ou
bem-humoradas.
O estado de Santa
Catarina tem um registro histórico de raças que ultrapassam todas as
expectativas quando falamos em tradição das culturas europeias no Brasil,
ideologias de suas antigas colônias que se transformaram em cidades, e
futuramente quem sabe, cidades que serão reduzidas a colônias. É um patrimônio
intelectual e imaterial deles em nossa terra.
São as vozes de nossas terras sobre seus intelectos imateriais que se
transformaram em verdades, e uma mutação cordial, rude, implícita e impactante
na capacidade de continuar sobre os mais difíceis detrimentos que as culturas
populares sofrem, mas assim como meu conterrâneo: Graciliano Ramos, que foi um dos maiores
regionalistas surgidos na década de 30, um escritor “seco e contido”, ando
feito ele, acostumado a mostrar em suas obras, “a desumanização do homem
nordestino”.
Os traços percorrem os
seres de trás pra frente, no piscar de olhos... o reflexo, a composição e a
mistura de cores se atenuam, formam contexto, assimilam a voz do pensamento
humano, o prazer de existir e resistir ao tempo como um ignóbil ser que se
degenera da vida mórbida. O Neoconcretismo possibilitou uma linguagem
subversiva capaz de simplificar os modos, atacou a elite paulista amarrando os
punhos de literatas como Haroldo de Campos, com sua “criação inatingível” de
poesia concreta aos fragmentos da cultura urbana. Por mais que São Paulo seja a
força do país, os meus escritores favoritos são os nordestinos. E desta
metrópole que erguemos, vejo engolir sua cultura... Eu prefiro “suas mostras”,
ela se fomenta, causa mais fome e preenche os vazios, é uma humanidade mais
ideal que torna-se a realidade em
concreta priorizando as vozes dominantes. Gullar derrubou, esbofeteou... Não
mais como etnólogo e como membro da minha civilização sinto no âmago essa
“expropriação” quando revejo imagem de São Paulo de sessenta anos atrás,
certamente teria o mesmo sentimento, diante das fotos é como se fosse Paris, Nova York, Tóquio... Ruanet que falava do mal estar da
modernidade, do individualismo social anárquico, de um ser de desconstrução
permanente que dá o sobrenome emprestado a figurões artísticos possibilitando o
crescimento dos que já são grandes, lembre-se: que a lei é sócia dos “homens de bons nomes”, esse terrorismo
que tem como conceito político abreviar futuros (é uma recompensa no mundo das
artes), sintetizar imagens “ao invés de ir até elas”, escrever manifestos com
máscaras é só uma apologia ao existente.
“Sempre há algo irredutível que pode vir a
luz da posteridade,
quando seus herdeiros
também participarão,
assim, da obra.”
Ruanet; Paulo Sérgio
Temos
sintaxe e raciocínio vanguardista para saber o que é melhor para as obras
nacionais? A crítica dos valores
nacionais não se deixa colorir pelos valores regionais. A estética
neonaturalista, (revestido sempre de boas ações), com interesse exclusivo pelo
“tempo presente”, cria nos artigos a impossibilidade de o “leitor comum” com um
mundo de falas e lendas brasileiras, ser figurativo, original, imaginário, é
tão fácil quanto um olhar do “abraço que pede outro”, e os olhos cansam de ver
em algum instante as mesmas coisas.
“Foi porquê nunca tivemos gramáticas, nem coleções de
velhos vegetais. E nunca Soubemos o que era urbano, suburbano, fronteiriço e
continental. Preguiçosos no mapa-mundi do Brasil.”
Oswald de Andrade
...Chega de deixar
pistas em pleno século 21, o caminho foi traçado a tempo, façamos o exato
acontecer sem êxito por ter seu devido momento, o indivíduo vive com a
monopolização da memória, ora por ser fraco ora por ser oprimido, por não ter
um gênio perspicaz, infiltrando-se em mistérios, onde requer sua presença,
vamos enfrentar a cultura dominante, com a nossa visão e conteúdo de uma mesma
humanidade.
“Quem tem medo de seguir, fica...”
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EuCor Reprime Brasil
Estudo Cinematográfico Utopista Onipresente Regionalista
Texto e Fotografias: Humberto Fonseca
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